Tupy, o co-criador que veio para ser na Terra o que a sua essência sagrada é no céu
Marli Aparecida Pereira
Hoje associamos a palavra Tupy a uma etnia. Entretanto ela tem em seu conceito a origem, a criação do ser humano. É uma "nhe'e porã tenondé", uma palavra formosa. Para viver nesta morada terrena, Tupã Tenondé cria um co-criador. Ele se desdobra e floresce em Tupy, uma "palavra-alma", que decomposta temos o TU(som) e o PI(pé, assento). Na tradição ancestral: som assentado, som que se tornou erguido, o ser humano colocado em pé. Substância sagrada que se manifesta como som. Nesta oficina vamos refletir sobre a caminhada dos ancestrais dos povos Tupi-Guarani e Tupinambá, herdeiros dos Mistérios Sagrados e a formação da língua tupi-guarani. Assim como os sábios Tamãi, guias e mestres do conhecimento sagrado das palavras formosas primeiras "nhe'e porã tenondé", vamos trilhar os antigos peabirus, "sentarmo-nos em volta da fogueira" e tornarmo-nos um pouco Guarani, reavivar o sentimento da língua do povo Tubuguaçu em sua caminhada por Pindorama. Vamos partilhar do Conselho dos sábios Tamãi, para entender os fundamentos do Ayvu Rapyta na elaboração da língua tupi-guarani, primeiro amálgama linguístico, a língua mais falada na costa atlântica antes de 1500, e entrar em contato com os povos das "canoas dos ventos"
Nós, como povos colonizados, temos em nosso currículo escolar um estudo da História Universal que está pautado no desenvolvimento do Povo Europeu/Asiático e suas conquistas até chegarem às nossas terras. Isso sempre nos pareceu normal, uma vez que esta é a História da Humanidade. É como dizer que enquanto o mundo evoluía culturalmente, aqui não havia mais que seres sem alma, sem deuses, sem cultura. Os colonizadores vieram trazer para os povos americanos a "civilização". Felizmente hoje já existem estudos profundos sobre o que havia neste continente e o quanto estes povos já estavam desenvolvidos em todos os âmbitos das relações humanas. Há, porém, uma lacuna que embora seja estudada, não é levada muito a sério: as Mitologias. O próprio Rudolf Steiner chama a atenção para a pouca importância que as academias (mesmo européias) dão para este tema. Um estudo sério destes conhecimentos pode trazer à luz a verdadeira missão da alma dos povos. Em busca desta missão caminhamos e neste curso vamos buscá-la por meio das Mitologias.
Cantos e contos africanos com exposição Arte Africana, máscaras, esculturas, instrumentos e vestimentas de Gana, Costa do Marfim, Nigéria, Gabão e outros países do continente africano.
Os habitantes das Américas são compostos por indivíduos que trazem experiências múltiplas de suas vidas, considerando tanto o caminho de suas almas quanto os traços familiares e culturais nos quais se reencarnaram. Nesta oficina, procuraremos oferecer um espaço de reflexão e intercâmbio no qual os participantes terão a oportunidade de compartilhar suas observações, experiências e conhecimentos relacionados com o tema do Congresso. O ponto de partida são aspetos temáticos do dia expostos nas palestras no período das manhãs (o físico na geografia Sagrada, o social na historia e o espiritual na Mitologia e a espiritualidade) A partir das contribuições dos participantes, constituiremos um quadro do que representa o continente partindo de nossos conhecimentos e experiências, vislumbrando um aporte para o descobrimento da missão das Américas nos nossos tempos.
Suzana Murbach Danças: Introdução de elementos e movimentos típicos de danças de povos que constituíram o universo da alma do povo brasileiro (indígena, africano, europeu, entre outros). As danças como expressão da alegria, da fé e da religiosidade do povo brasileiro.
Susanne Rottermund Trabalhos artísticos de intervenção nos ambientes do congresso, usando diversos materiais como pigmento de terra, folhas, serragem e papel, tendo os quatro reinos como tema de criação.
Eric Kamikiawa tem 21 anos e é do povo Kurâ- Bakairi. Nasceu na aldeia Bakairi e cresceu na Aldeia Pakuera da terra Indígena Bakairi, localizada no munícipio de Paranatinga no Estado de Mato Grosso. Participa desde muito jovem de movimentos para a conquista de direitos e o protagonismo dos indígenas. Participou também na restruturação da FUNAI em Cuiabá, em 2010. É atualmente aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso para estudantes indígenas residente no estado.
Estes vídeos foram realizados por Juan E. G. Escobar